Os musgos caíam dos galhos das árvores dando um ar sombrio ao local. Cem anos atrás aquilo fora um belo jardim com árvores cheias de vida onde os risos ecoavam e e crianças traquinas corriam. De qualquer lugar se poderia ver o arco-íris que representava a esperança de um povo inteiro.
É incerto o ponto exato em que tudo começou a cair, se desfazer, derreter, acabar, escurecer, falir, chorar, ruir. O fim então chegou e a vida fugiu dali. Apenas as coisas ligadas às trevas ficaram. E ela andava perdida sem saber o que havia acontecido. Que lugar era aquele?
Ela percebeu onde estava. A saudade imediata do que aquilo fora a atingiu como um furacão sacodindo suas emoções. A incerteza tomou conta de tudo o que ela era e só restou confusão. Haveria solução para um caso tão severo como aquele?
Quantas vezes ela não desistiu? E quantas vezes ela não se perguntou de onde vinha a força para limpar os musgos, os fungos, para cortar os galhos podres, para lavar o chão? Ela era bastante decidida. Não se entregaria assim ao acaso.
O único motivo pelo qual tudo parece sombrio agora é porque é noite e ela está dentro de seu castelo dormindo. Os musgos...? Ela não pode alcançá-los ainda, então apenas aceita-os.
Pela manhã as borboletas voam livres no jardim que ela fez e cuida. Não há ameaça porque por mais que isso a tenha custado tempo e esforço, ela percebeu que o que acontece do lado de fora pouco importa visto que o seu poder e sua força de vontade podem mudar tudo o que está a sua volta.
Não serão admitidas desistências, desânimos, preguiça...
E um dia... ela voará com as borboletas - que na verdade, já a reconhecem como uma delas.
(06/01/2013)