terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Pedra por Pedra

Os musgos caíam dos galhos das árvores dando um ar sombrio ao local. Cem anos atrás aquilo fora um belo jardim com árvores cheias de vida onde os risos ecoavam e e crianças traquinas corriam. De qualquer lugar se poderia ver o arco-íris que representava a esperança de um povo inteiro.

É incerto o ponto exato em que tudo começou a cair, se desfazer, derreter, acabar, escurecer, falir, chorar, ruir. O fim então chegou e a vida fugiu dali. Apenas as coisas ligadas às trevas ficaram. E ela andava perdida sem saber o que havia acontecido. Que lugar era aquele?

Ela percebeu onde estava. A saudade imediata do que aquilo fora a atingiu como um furacão sacodindo suas emoções. A incerteza tomou conta de tudo o que ela era e só restou confusão. Haveria solução para um caso tão severo como aquele?

Quantas vezes ela não desistiu? E quantas vezes ela não se perguntou de onde vinha a força para limpar os musgos, os fungos, para cortar os galhos podres, para lavar o chão? Ela era bastante decidida. Não se entregaria assim ao acaso.

O único motivo pelo qual tudo parece sombrio agora é porque é noite e ela está dentro de seu castelo dormindo. Os musgos...? Ela não pode alcançá-los ainda, então apenas aceita-os.

Pela manhã as borboletas voam livres no jardim que ela fez e cuida. Não há ameaça porque por mais que isso a tenha custado tempo e esforço, ela percebeu que o que acontece do lado de fora pouco importa visto que o seu poder e sua força de vontade podem mudar tudo o que está a sua volta.

Não serão admitidas desistências, desânimos, preguiça...

E um dia... ela voará com as borboletas - que na verdade, já a reconhecem como uma delas.

(06/01/2013)